'Folha' publicou
diálogo com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.
Presidente do Senado diz que fala não mostra tentativa de atingir a Lava Jato.
Do G1, em São Paulo e em
Brasília
Gravações de
conversas entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, divulgadas na edição desta
quarta-feira (25) do jornal "Folha de S.Paulo", mostram o parlamentar
alagoano defendendo uma alteração na lei que trata da delação premiada para
impedir que presos colaborem com as investigações (leia ao final desta
reportagem trechos das conversas).
A eventual
mudança na legislação atingiria, por exemplo, a Operação Lava Jato, que se
baseou em relatos de delatores presos para avançar na apuração do esquema de
corrupção que atuava naPetrobras.
Os diálogos
foram gravados por Sérgio Machado a partir de março, mas as datas das conversas
com Renan não foram reveladas.
Esta é a
segunda gravação do ex-presidente da Transpetro com caciques do PMDB que vem à
tona nesta semana. O primeiro diálogo, com o senador Romero Jucá (PMDB-RR),
culminou na exoneração do peemedebista do comando
do Ministério do Planejamento.
Tanto Renan
Calheiros quanto Sérgio Machado são alvos da Lava Jato. O presidente do Senado
é investigado em sete inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF)
relativos ao esquema de corrupção da estatal do petróleo, mas ainda não foi
alvo de nenhuma denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR).
Em nota, Renan
afirmou que "os diálogos com Sérgio Machado não revelam, não indicam, nem
sugerem qualquer tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções
anômalas". O peemedebista também ressaltou no comunicado que suas opiniões
discutidas na conversa com o ex-presidente da Transpetro "sempre foram
publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação" (leia a
íntegra da nota de Renan ao final desta reportagem).
Indicado pelo
PMDB, Sérgio Machado presidiu a Transpetro entre
2003 e 2015. Ele se desligou da petroleira após denúncias de envolvimento no
esquema de corrupção investigado na Lava Jato.
No diálogo
divulgado nesta quarta-feira pela "Folha de S.Paulo", o ex-presidente
da Transpetro sugere a Renan um "pacto" para tentar pôr fim à crise
política e econômica que seria "passar uma borracha no Brasil".
Não pode fazer
delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e
estabelece isso"
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, defendendo a Sérgio
Machado que presos sejam impedidos de fazer delação premiada
Em resposta, o
presidente do Senado pondera que, "antes de passar a borracha, precisa
fazer três coisas", sugerindo que seu diagnóstico foi recomendado por
integrantes do STF. Ele não menciona, no entanto, o nome dos ministros da
Suprema Corte que avalizariam o ponto de vista dele.
"Primeiro,
não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você
regulamenta a delação e estabelece isso", observou Renan ao ex-dirigente
da Transpetro.
O segundo ponto
destacado pelo peemedebista para tentar arrefecer a crise, apontado na conversa
gravada antes de o Senado afastar Dilma provisoriamente da Presidência, seria a
petista tentar negociar uma "transição" com os ministros do STF.
Sérgio Machado,
então, questiona o motivo de Dilma "não negociar" com integrantes do
Supremo. O senador responde: "Porque todos [os ministros do STF] estão
putos com ela", enfatizou.
"Ela
[Dilma] disse: 'Renan, eu recebi aqui o [Ricardo] Lewandowski, querendo
conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre
a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski
só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'", acrescentou
Renan.
A assessoria do
STF afirmou à "Folha" que o presidente do tribunal "jamais"
manteve conversas sobre suposta "transição" ou "mudanças na
legislação penal" com Renan ou com Dilma.
Na conversa com
o presidente do Senado, Sérgio Machado também critica a decisão do STF tomada
em fevereiro deste ano que autoriza prisões a partir de condenações de segunda
instância, e Renan concorda com o interlocutor.
"A lei diz
que não pode prender depois da segunda instância, e ele [STF] aí dá uma
decisão, interpreta isso e acaba isso", reclama o presidente do Senado.
Sérgio
Machado
Ex-deputado e ex-senador, Sérgio Machado foi citado nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do senador cassado Delcício do Amaral (sem partido-MS).
Ex-deputado e ex-senador, Sérgio Machado foi citado nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do senador cassado Delcício do Amaral (sem partido-MS).
O Ministério
Público Federal apurou que o presidente do Senado teria recebido propina de
contratos da Transpetro na época em que a subsidiária era presidida por
Machado.
Com medo de ser
preso, o ex-dirigente da subsidiária da Petrobras procurou Renan, o senadorRomero
Jucá e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP).
O teor das
conversas com Jucá, na qual o parlamentar de Roraima defende um "pacto" para barrar a Lava Jato,
foi divulgado pela "Folha de S.Paulo" na última segunda-feira (23). A
repercussão negativa do caso levou Jucá a pedir demissão do Ministério do
Planejamento.
Sérgio Machado
fez acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República. Relator
da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki deve homologar nos próximos dias o
acordo de colaboração.
Aécio Neves
Nos trechos da gravação divulgada nesta quarta, Renan conta ao ex-presidente da Transpetro que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), está com "medo" da Lava Jato.
Nos trechos da gravação divulgada nesta quarta, Renan conta ao ex-presidente da Transpetro que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), está com "medo" da Lava Jato.
A PGR pediu ao
STF a abertura de dois inquéritos para investigar o suposto envolvimento de
Aécio no esquema de corrupção que agia na Petrobras. Os inquéritos estão sob a
relatoria do ministro Gilmar Mendes.
O presidente
nacional do PSDB foi citado nas delações premiadas de Delcício do Amaral e de
Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como "Ceará", funcionário
do doleiro Alberto Youssef que era responsável pela entrega de propinas.
Em uma das
conversas com Sérgio Machado, o presidente do Senado relata que foi procurado
por Aécio, que, segundo o jornal, estaria preocupado com as denúncias do
ex-líder do governo que se tornou delator da Lava Jato após ser preso acusado
de tentar atrapalhar as investigações.
"Aécio
está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse
negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'", disse Renan a Machado.
Na nota
divulgada nesta quarta-feira, o presidente do Senado se desculpou pela menção a
Aécio, dizendo que se referia a um contato do senador que expressava
indignação, e não medo, com a citação de Delcídio.
A Executiva
Nacional do PSDB informou à "Folha de S.Paulo" que Aécio manifestou a
Renan apenas "a sua indignação com as falsas citações feitas a seu
nome" e disse que vai acionar Sérgio Machado na Justiça, afirmandou ser
"inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas".
"Fica cada
vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de
envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem
apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir
comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem
gravados e divulgados", diz o comunicado enviado ao jornal.
Imprensa
Em determinado momento da conversa, Sérgio Machado reclama da Globo, referindo-se à cobertura da Lava Jato, e, na conversa, Renan cita o nome de João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo:
Em determinado momento da conversa, Sérgio Machado reclama da Globo, referindo-se à cobertura da Lava Jato, e, na conversa, Renan cita o nome de João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo:
"Agora, a
Globo passou de qualquer limite, Renan", afirmou Machado. "Eu marquei
para segunda-feira uma conversa inicial com [inaudível] para marcar... Ela me
disse que a conversa dela com João Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele disse
para ela... Ela reclamou. Ele disse para ela que não tinha como influir. Ela disse
que tinha como influir, porque ele influiu em situações semelhantes, o que é
verdade. E ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil contra o
governo", respondeu Renan. "Tá mesmo. Ela acabou. E o Lula,
como foi a conversa com o Lula?", disse Machado.
Em outro
momento, Renan conta de novo o que ouviu de Dilma sobre a conversa com João
Roberto Marinho: "João [provável referência a João Roberto Marinho] com
aquela conversa de sempre, que não manda. [...] Ela [Dilma] disse a ele 'João,
vocês tratam diferentemente de casos iguais. Nós temos vários
indicativos'."
Em nota, João
Roberto Marinho explicou que, como disse o presidente do Senado Renan
Calheiros, é verdade que sempre que lhe pedem para interferir no noticiário a
favor de um grupo ou de outro, a resposta é sempre a mesma: ele não pode mandar
que se interfira nos fatos, pois um veículo de imprensa deve tudo noticiar
livremente. Ele acrescentou que o compromisso do Grupo Globo é com a notícia e
com o público. Acrescentou que essa sua resposta gera desconforto, frustrações
e, por vezes, afirmações descabidas, o que é compreensível, especialmente em
momentos de crise.
Ainda na
conversa, Renan relata a Sergio Machado um encontro entre Dilma e
Otavio Frias Filho, sócio e diretor de redação do jornal Folha de S.Paulo:
"Sexta-feira.
Conversa muito ruim, a conversa com a menina da Folha... Otavinho [a conversa]
foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem exageros, eles próprios têm
cometido exageros."
Procurado, o jornalista Otavio Frias Filho afirmou que não vai comentar.
Procurado, o jornalista Otavio Frias Filho afirmou que não vai comentar.
Ouça e leia
trechos do diálogo entre Renan Calheiros e Sérgio Machado divulgados pela
"Folha de S.Paulo":
Primeira
conversa
SÉRGIO MACHADO - Agora, Renan, a situação tá grave.
SÉRGIO MACHADO - Agora, Renan, a situação tá grave.
RENAN CALHEIROS
- Grave e vai complicar. Porque Andrade fazer [delação], Odebrecht, OAS.
[falando a outra pessoa, pede para ser feito um telefonema a um jornalista]
MACHADO - Todos
vão fazer.
RENAN - Todos
vão fazer.
MACHADO - E
essa é a preocupação. Porque é o seguinte, ela [Dilma] não se sustenta mais.
Ela tem três saídas. A mais simples seria ela pedir licença...
RENAN - Eu tive
essa conversa com ela.
MACHADO - Ela
continuar presidente, o Michel assumiria e garantiria ela e o Lula, fazia um
grande acordo. Ela tem três saídas: licença, renúncia ou impeachment. E vai ser
rápido. A mais segura para ela é pedir licença e continuar presidente. Se ela
continuar presidente, o Michel não é um sacana...
RENAN - A
melhor solução para ela é um acordo que a turma topa. Não com ela. A negociação
é botar, é fazer o parlamentarismo e fazer o plebiscito, se o Supremo permitir,
daqui a três anos. Aí prepara a eleição, mantém a eleição, presidente com
nova...
[atende um
telefonema com um jornalista]
RENAN - A
perspectiva é daquele nosso amigo.
MACHADO - Meu
amigo, então é isso, você tem trinta dias para resolver essa crise, não tem
mais do que isso. A economia não se sustenta mais, está explodindo...
RENAN - Queres
que eu faça uma avaliação verdadeira? Não acredito em 30 dias, não. Porque se a
Odebrecht fala e essa mulher do João Santana fala, que é o que está posto...
[apresenta um
secretário de governo de Alagoas]
MACHADO - O
Janot é um filho da puta da maior, da maior...
RENAN - O
Janot... [inaudível]
MACHADO - O
Janot tem certeza que eu sou o caixa de vocês. Então o que que ele quer fazer?
Ele não encontrou nada nem vai encontrar nada. Então ele quer me desvincular de
vocês, mediante Ricardo e mediante e mediante do Paulo Roberto, dos 500 [mil
reais], e me jogar para o Moro. E aí ele acha que o Moro, o Moro vai me mandar
prender, aí quebra a resistência e aí fudeu. Então a gente de precisa
[inaudível] presidente Sarney ter de encontro... Porque se me jogar lá embaixo,
eu estou fodido. E aí fica uma coisa... E isso não é análise, ele está
insinuando para pessoas que eu devo fazer [delação], aquela coisa toda... E
isso não dá, isso quebra tudo isso que está sendo feito.
RENAN -
[inaudível]
MACHADO -
Renan, esse cara é mau, é mau, é mau. Agora, tem que administrar isso direito.
Inclusive eu estou aqui desde ontem... Tem que ter uma ideia de como vai ser.
Porque se esse vagabundo jogar lá embaixo, aí é uma merda. Queria ver se fazia
uma conversa, vocês, que alternativa teria, porque aí eu me fodo.
RENAN - Sarney.
MACHADO -
Sarney, fazer uma conversa particular. Com Romero, sei lá. E ver o que sai
disso. Eu estou aqui para esperar vocês para poder ver, agora, é um vagabundo.
Ele não tem nada contra você nem contra mim.
RENAN - Me
disse [inaudível] 'ó, se o Renan tiver feito alguma coisa, que não sei, mas
esse cara, porra, é um gênio. Porque nós não achamos nada.'
MACHADO - E já
procuraram tudo.
RENAN - Tudo.
MACHADO - E não
tem. Se tivesse alguma coisa contra você, já tinha jogado... E se tivesse coisa
contra mim [inaudível]. A pressão que ele quer usar, que está insinuando, é
que...
RENAN - Usou
todo mundo.
MACHADO -
...está dando prazos etc é que vai me apartar de vocês. Mesma coisa, já deu
sinal com a filha do Eduardo e a mulher... Aquele negócio da filha do Eduardo,
a porra da menina não tem nada, Renan, inclusive falsificaram o documento dela.
Ela só é usuária de um cartão de crédito. E esse é o caminho [inaudível] das
delações. Então precisa ser feito algo no Brasil para poder mudar jogo porque
ninguém vai aguentar. Delcídio vai dizer alguma coisa de você?
RENAN - Deus me
livre, Delcídio é o mais perigoso do mundo. O acordo [inaudível] era para ele
gravar a gente, eu acho, fazer aquele negócio que o J Hawilla fez.
MACHADO - Que
filho da puta, rapaz.
RENAN - É um
rebotalho de gente.
MACHADO - E
vocês trabalhando para poder salvar ele.
RENAN -
[Mudando de assunto] Bom, isso aí então tem que conversar com o Sarney, com o
teu advogado, que é muito bom. [inaudível] na delação.
MACHADO -
Advogado não resolve isso.
RENAN - Traçar
estratégia. [inaudível]
MACHADO -
[inaudível] quanto a isso aí só tem estratégia política, o que se pode fazer.
RENAN -
[inaudível] advogado, conversar, né, para agir judicialmente.
MACHADO - Como
é que você sugeriria, daqui eu vou passar na casa do presidente Sarney.
RENAN -
[inaudível]
MACHADO - Onde?
RENAN - Lá, ou
na casa do Romero.
MACHADO - Na
casa do Romero. Tá certo. Que horas mais ou menos?
RENAN - Não, a
hora que você quiser eu vou estar por aqui, eu não vou sair não, eu vou só mais
tarde vou encontrar o Michel.
MACHADO -
Michel, como é que está, como é que está tua relação com o Michel?
RENAN - Michel,
eu disse pra ele, tem que sumir, rapaz. Nós estamos apoiando ele, porque não é
interessante brigar. Mas ele errou muito, negócio de Eduardo Cunha... O Jader
me reclamou aqui, ele foi lá na casa dele e ele estava lá o Eduardo Cunha. Aí o
Jader disse, 'porra, também é demais, né'.
MACHADO -
Renan, não sei se tu viu, um material que saiu na quinta ou sexta-feira, no
UOL, um jornalista aqui, dizendo que quinta-feira tinha viajado às pressas...
RENAN - É,
sacanagem.
MACHADO - Tu
viu?
RENAN - Vi.
MACHADO - E que
estava sendo montada operação no Nordeste com Polícia Federal, o caralho, na
quinta-feira.
RENAN - Eu vi.
MACHADO -
Então, meu amigo, a gente tem que pensar como é que encontra uma saída para
isso aí, porque isso aí...
RENAN - Porque
não...
MACHADO -
Renan, só se fosse imbecil. Como é que tu vai sentar numa mesa para negociar e
diz que está ameaçado de preso, pô? Só quem não te conhece. É um imbecil.
RENAN - Tem que
ter um fato contra mim.
MACHADO - Mas
mesmo que tivesse, você não ia dizer, porra, não ia se fragilizar, não é
imbecil. Agora, a Globo passou de qualquer limite, Renan.
RENAN - Eu
marquei para segunda-feira uma conversa inicial com [inaudível] para marcar...
Ela me disse que a conversa dela com João Roberto [Marinho] foi desastrosa. Ele
disse para ela... Ela reclamou. Ele disse para ela que não tinha como influir.
Ela disse que tinha como influir, porque ele influiu em situações semelhantes,
o que é verdade. E ele disse que está acontecendo um efeito manada no Brasil
contra o governo.
MACHADO - Tá
mesmo. Ela acabou. E o Lula, como foi a conversa com o Lula?
RENAN - O Lula
está consciente, o Lula disse, acha que a qualquer momento pode ser preso. Acho
até que ele sabia desse pedido de prisão lá...
MACHADO - E ele
estava, está disposto a assumir o governo?
RENAN - Aí eu
defendi, me perguntou, me chamou num canto. Eu acho que essa hipótese, eu disse
a ele, tem que ser guardada, não pode falar nisso. Porque se houver um quadro,
que é pior que há, de radicalização institucional, e ela resolva ficar, para
guerra...
MACHADO - Ela
não tem força, Renan.
RENAN - Mas aí,
nesse caso, ela tem que se ancorar nele. Que é para ir para lá e montar um
governo. Esse aí é o parlamentarismo sem o Lula, é o branco, entendeu?
MACHADO - Mas,
Renan, com as informações que você tem, que a Odebrecht vai tacar tiro no peito
dela, não tem mais jeito.
RENAN - Tem
não, porque vai mostrar as contas. E a mulher é [inaudível].
MACHADO -
Acabou, não tem mais jeito. Então a melhor solução para ela, não sei quem podia
dizer, é renunciar ou pedir licença.
RENAN - Isso
[inaudível]. Ela avaliou esse cenário todo. Não deixei ela falar sobre a
renúncia. Primeiro cenário, a coisa da renúncia. Aí ela, aí quando ela foi
falar, eu disse, 'não fale não, pelo que conheço, a senhora prefere morrer'.
Coisa que é para deixar a pessoa... Aí vai: impeachment. 'Eu sinceramente acho
que vai ser traumático. O PT vai ser desaparelhado do poder'.
MACHADO - E o
PT, com esse negócio do Lula, a militância reacendeu.
RENAN -
Reacendeu. Aí tudo mundo, legalista... Que aí não entra só o petista, entra o
legalista. Ontem o Cassio falou.
MACHADO - É o
seguinte, o PSDB, eu tenho a informação, se convenceu de que eles é o próximo
da vez.
RENAN -
[concordando] Não, o Aécio disse isso lá. Que eu sou a esperança única que eles
têm de alguém para fazer o...
MACHADO -
[Interrompendo] O Cunha, o Cunha. O Supremo. Fazer um pacto de Caxias, vamos
passar uma borracha no Brasil e vamos daqui para a frente. Ninguém mexeu com
isso. E esses caras do...
RENAN - Antes
de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo
[inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira
coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso.
MACHADO - Acaba
com esse negócio da segunda instância, que está apavorando todo mundo.
RENAN - A lei
diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele aí dá uma decisão,
interpreta isso e acaba isso.
MACHADO - Acaba
isso.
RENAN - E, em
segundo lugar, negocia a transição com eles [ministros do STF].
MACHADO - Com
eles, eles têm que estar juntos. E eles não negociam com ela.
RENAN - Não
negociam porque todos estão putos com ela. Ela me disse e é verdade mesmo,
nessa crise toda –estavam dizendo que ela estava abatida, ela não está abatida,
ela tem uma bravura pessoal que é uma coisa inacreditável, ela está gripada,
muito gripada– aí ela disse: 'Renan, eu recebi aqui o Lewandowski,
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'.
querendo conversar um pouco sobre uma saída para o Brasil, sobre as dificuldades, sobre a necessidade de conter o Supremo como guardião da Constituição. O Lewandowski só veio falar de aumento, isso é uma coisa inacreditável'.
MACHADO - Eu
nunca vi um Supremo tão merda, e o novo Supremo, com essa mulher, vai ser pior
ainda. [...]
MACHADO - [...]
Como é que uma presidente não tem um plano B nem C? Ela baixou a guarda.
[inaudível]
RENAN - Estamos
perdendo a condição política. Todo mundo.
MACHADO -
[inaudível] com Aécio. Você está com a bola na mão. O Michel é o elembto número
um dessa solução, a meu ver. Com todos os defeitos que ele tem.
RENAN -
Primeiro eu disse a ele, 'Michel, você tem que ficar calado, não fala, não
fala'.
MACHADO - [inaudível]
Negócio do partido.
RENAN - Foi,
foi [inaudível] brigar, né.
MACHADO - A
bola está no seu colo. Não tem um cara na República mais importante que você
hoje. Porque você tem trânsito com todo mundo. Essa tua conversa com o PSDB, tu
ganhou uma força que tu não tinha. Então [inaudível] para salvar o Brasil. E
esse negócio só salva se botar todo mundo. Porque deixar esse Moro do jeito que
ele está, disposto como ele está, com 18% de popularidade de pesquisa, vai dar
merda. Isso que você diz, se for ruptura, vai ter conflito social. Vai morrer
gente.
RENAN - Vai,
vai. E aí tem que botar o Lula. Porque é a intuição dele...
MACHADO - Aí o
Lula tem que assumir a Casa Civil e ser o primeiro ministro, esse é o governo.
Ela não tem mais condição, Renan, não tem condição de nada. Agora, quem vai
botar esse guizo nela?
RENAN - Não,
[com] ela eu conversa, quem conversa com ela sou eu, rapaz.
MACHADO -
Seguinte, vou fazer o seguinte, vou passar no presidente, peço para ele marcar
um horário na casa do Romero.
RENAN - Ou na
casa dele. Na casa dele chega muita gente também.
MACHADO - É, no
Romero chega menos gente.
RENAN - Menos
gente.
MACHADO - Então
marco no Romero e encontra nós três. Pronto, acabou. [levanta-se e começam a se
despedir] Amigo, não perca essa bola, está no seu colo. Só tem você hoje.
[caminhando] Caiu no seu colo e você é um cara predestinado. Aqui não é dedução
não, é informação. Ele está querendo me seduzir, porra.
RENAN - Eu sei,
eu sei. Ele quem?
MACHADO - O
bicho daqui, o Janot.
RENAN -
Mandando recado?
MACHADO -
Mandando recado.
RENAN - Isso é?
MACHADO - É...
Porra. É coisa que tem que conversar com muita habilidade para não chegar lá.
RENAN - É. É.
MACHADO -
Falando em prazo... [se despedem]
Segunda
conversa
MACHADO - [...] A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo...
MACHADO - [...] A meu ver, a grande chance, Renan, que a gente tem, é correr com aquele semi-parlamentarismo...
RENAN - Eu
também acho.
MACHADO
-...paralelo, não importa com o impeach... Com o impeachment de um lado e o
semi-parlamentarismo do outro.
RENAN - Até se
não dá em nada, dá no impeachment.
MACHADO - Dá no
impeachment.
RENAN - É plano
A e plano B.
MACHADO - Por
ser semi-parlamentarismo já gera para a sociedade essa expectativa [inaudível].
E no bojo do semi-parlamentarismo fazer uma ampla negociação para [inaudível].
RENAN - Mas o
que precisa fazer, só precisa tres três coisas: reforma política, naqueles dois
pontos, o fim da proibição...
MACHADO -
[Interrompendo] São cinco pontos:
[...]
RENAN - O voto
em lista é importante. [inaudível] Só pode fazer delação... Só pode solto, não
pode preso. Isso é uma maneira e toda a sociedade compreende que isso é uma
tortura.
MACHADO - Outra
coisa, essa cagada que os procuradores fizeram, o jogo virou um pouco em termos
de responsabilidade [...]. Qual a importância do PSDB... O PSDB teve uma
posição já mais racional. Agora, ela [Dilma] não tem mais solução, Renan, ela é
uma doença terminal e não tem capacidade de renunciar a nada. [inaudível]
[...]
MACHADO - Me
disseram que vai. Dentro da leniência botaram outras pessoas, executivos para
falar. Agora, meu trato com essas empresas, Renan, é com os donos. Quer dizer,
se botarem, vai dar uma merda geral, eu nunca falei com executivo.
RENAN - Não vão
botar, não. [inaudível] E da leniência, detalhar mais. A leniência não está
clara ainda, é uma das coisas que tem que entrar na...
MACHADO -...No
pacote.
RENAN - No
pacote.
MACHADO - E tem
que encontrar, Renan, como foi feito na Anistia, com os militares, um processo
que diz assim: 'Vamos passar o Brasil a limpo, daqui para frente é assim, pra
trás...' [bate palmas] Porque senão esse pessoal vão ficar eternamente com uma
espada na cabeça, não importa o governo, tudo é igual.
RENAN -
[concordando] Não, todo mundo quer apertar. É para me deixar prisioneiro
trabalhando. Eu estava reclamando aqui.
MACHADO - Todos
os dias.
RENAN - Toda
hora, eu não consigo mais cuidar de nada.
[...]
MACHADO - E tá
todo mundo sentindo um aperto nos ombros. Está todo mundo sentindo um aperto
nos ombros.
RENAN - E tudo
com medo.
MACHADO -
Renan, não sobra ninguém, Renan!
RENAN - Aécio
está com medo. [me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse
negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'
MACHADO -
Renan, eu fui do PSDB dez anos, Renan. Não sobra ninguém, Renan.
[...]
MACHADO - Não
dá pra ficar como está, precisa encontrar uma solução, porque se não vai todo
mundo... Moeda de troca é preservar o governo [inaudível].
RENAN -
[inaudível] sexta-feira. Conversa muito ruim, a conversa com a menina da
Folha... Otavinho [a conversa] foi muito melhor. Otavinho reconheceu que tem
exageros, eles próprios tem cometido exageros e o João [provável referência a
João Roberto Marinho] com aquela conversa de sempre, que não manda. [...] Ela
[Dilma] disse a ele 'João, vocês tratam diferentemente de casos iguais. Nós
temos vários indicativos'. E ele dizendo 'isso virou uma manada, uma manada,
está todo mundo contra o governo.'
MACHADO -
Efeito manada.
RENAN - Efeito
manada. Quer dizer, uma maneira sutil de dizer "acabou", né.
Leia a íntegra
das notas divulgadas pelas assessoria de Renan Calheiros e do PSDB:
O senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) tem por hábito receber todos aqueles que o procuram. Nas
conversas que mantém, habitualmente, defende com frequência pontos de vista e
impressões sobre o quadro. Todos os pontos de vista, evidentemente, dentro da
Lei e da Constituição Federal.
As opiniões do
senador, sempre, foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação,
como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, a possibilidade de
alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não
confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras, todas foram,
fartamente, veiculadas. A defesa pública de uma solução parlamentarista também
foi registrada em vários artigos e colunas e o próprio STF pautou o julgamento
do tema. O Senado, inclusive, pediu sua retirada da pauta.
Em relação ao
senador Aécio Neves (PSDB-MG), o senador
Renan Calheiros se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia
a um contato do senador mineiro que expressava indignação – e não medo – com a
citação do ex-senador Delcídio do Amaral.
Os diálogos não
revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na
Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir
nas investigações.
Assessoria de
Imprensa
Presidência do Senado Federal
Presidência do Senado Federal
NOTA PSDB
Fica cada vez
mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de
envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem
apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir
comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem
gravados e divulgados.
É inaceitável
essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios
de uma delação premiada. Por isso será acionado pelo partido na Justiça.
Sobre a
referência ao diálogo entre os senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, o
senador Aécio manifestou a ele o que já havia manifestado publicamente inúmeras
vezes: a sua indignação com as falsas citações feitas ao seu nome.
Postar um comentário
Blog do Paixão